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na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.

 

 

 

poema de José Luís Peixoto, in A Criança em Ruínas

 

 

Captura de ecrã 2024-12-13, às 20.56.17.jpg

(edição brasileira, Dublinense

 

cer.jpg

 (edição portuguesa, Quetzal)

 

SOBRE JOSÉ LUÍS PEIXOTO:








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