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Crítica a Livro, in Jornal de Letras
Por Miguel Real
Desde a década de 60 que a historiografia do romance português tem provado que não só a forma (a estrutura) ilumina o conteúdo como marca indelevelmente a singularidade de cada narrativa, prestando-lhe um rosto literário específico. Estamos hoje longe, cronológica e teoreticamente, do tempo em que da prisão "António Vale"/Álvaro Cunhal ditava não ter qualquer razão de ser "a objecção de que a sobreposição do conteúdo à forma não é fecunda no ato de criação artística. No próprio processo de criação, como norma para alcançar um nível superior, é válido o princípio - primeiro o conteúdo", bem como o tempo em que Almeida Faria e Nuno Bragança submetiam o conteúdo narrativo ao primado da forma.
Possivelmente, o novo romance de José Luís Peixoto, Livro, ficará na história da literatura portuguesa como o símbolo máximo da sobredeterminação da forma face ao conteúdo. Com efeito, se o autor tivesse optado por outra organização estrutural, o romance, ainda que com o mesmo conteúdo, seria todo outro, radicalmente outro.
Neste sentido, dando primazia à forma, Livro é, espantosamente, uma síntese da história do romance português desde Eça e Camilo.
Primeiro, quando ao conteúdo, é profundamente realista ("a realidade bem observada e a observação bem exprimida", Eça), narrando a história de uma família desencontrada (sem apelido) e de uma vila (sem nome) portuguesas ao longo de 70 anos do século XX, descrevendo situações típicas do subdesenvolvimento do interior rural, bem como da reacção campesina, emigrando para França, na década de 60.
Segundo, Livro abandona-se, não raro, ao naturalismo (vida de Galopim e do irmão deficiente; mulher lobo na raia entre Portugal e Espanha; a morte da velha Lubélia; a existência diária do Daquele da Sorna...).
Terceiro, com a adolescência de Livro (nome do narrador personagem, não título do romance) em Paris, os "eus" psicológicos, até então profundamente sólidos, dotados de entidade pessoal, estilhaçam-se, multiplicando as pulsões no seu interior (Livro opera uma deriva existencial; Adelaide, sua mãe, divide-se interiormente entre educação portuguesa provinciana e os novos costumes parisienses; Constantino, seu putativo pai, falhado o maio de 68 e a Revolução dos Cravos, esquizofreniza-se, incorporando a figura revolucionária de "Lenine", tratando o filho por pai e a mulher por mãe). É a pulsão "presencista" (psicologista) do romance português, nomeadamente a multiplicação dos "eus" de O Jogo da Cabra Cega (1934), de José Régio.
Em quarto lugar, criticando o neorrealismo (p. 238), o narrador assume, na segunda parte, o desconstrutivismo das décadas de 60 e de 70, o fragmentarismo, a auto-referencialidade, o pós-modernismo (p.227), a confluência sincrética, por vezes caótica, de estilos, de textos de proveniência diversa (citação amiúde de nomes de autores, listas de livros, inquérito ao leitor...), evidencia o intelectualoidismo narrativo próprio daquelas décadas (grafia de "Heraclito, o Efésio" em grego clássico), o privilégio da conotação face à denotação...
Em quinto lugar, enquanto totalidade romanesca, recupera a categoria de "grande narrativa" (décadas de 80 e 90) como arte de contar uma história com princípio, meio e fim (as vidas de Adelaide e Ilídio).
Assim, Livro estatui-se, tanto estilisticamente quanto ao nível do conteúdo, como um romance resumo da história do romance português de Eça de Queirós a Francisco José Viegas. Parafraseando Pessoa, Livro é uma espécie de novelo narrativo com a ponta virada para fora, puxada a qual se desenrola a nossos olhos a história portuguesa dos últimos 70 anos (Salazar e a Pide; os párocos de aldeia, coniventes com o poder político; a miséria dos campos; os ricos - a família de Dona Milú - e os pobres - a vila inteira, sem esgotos, sem ruas alcatroadas, sem água canalizada; a história da emigração; o 25 de abril e a adesão à Europa; a riqueza de pato-bravo dos emigrantes; as casas de fachada forrada de azulejos de casa de banho...).
De forma circular, automanifestando a génese do narrador e das condições existenciais da narração, operando por vezes um diálogo explícito com o narratário (p.247), substituindo os capítulos clássicos por fragmentos titulados por letras, números e datas, jogando um puzzle de peças soltas unificadas pela consciência do leitor, Livro constitui um magnífico retrato, à entrada do século XXI, do modo de narração de uma história, simultaneamente obedecendo e subvertendo a tirania da cronologia.
História de uma dupla educação (Ilídio e Livro), José Luís Peixoto mantém o seu lirismo singular em Livro, estatuindo a frase entre a racionalidade do realismo descritivo e a emoção do verso poético. Porém, à medida que nos afastamos de Morreste-me e de Nenhum Olhar, suas primeiras narrativas, o lirismo tem vido a perder uma carga hiperbolizante, denotada pela figura da reiteração, amplificando fragmentos de sentido na consciência do leitor, tornando-se pragmaticamente comedido. De qualquer modo, Livro possui a explícita marca do lirismo, com o princípio da subjectividade do narrador, envolvendo e dominando o princípio da objetividade (o realismo). Lexicalmente, assiste-se a confluência entre um vocabulário rural e um vocabulário urbano, e, por vezes, sobretudo nas falas de Cosme da segunda parte, explicita-se o patuá da emigração portuguesa para França.
Se deveras não nos irritasse o prefixo da palavra "pós-modernismo" (uma mera moda literária que preenche a ausência da palavra correta que a todos nos falta para designar a literatura de hoje), estaríamos tentados a classificar Livro como o grande romance do pós-modernismo português. Preferimos, antes, chamar a atenção do leitor para o facto, iniludível, de que, com Livro, se inicia a maturidade literária de um grande escritor.
Critica de Una Casa nel Buio/Uma Casa na Escuridão, in Il Riformista
De Fillipo La Porta
Dall'estremo della penisola iberica ci giunge un romanzo allegorico, scritto in una lingua evocativa e fortemente lirica, che tenta di decifrare un destino solitario, estremo, ma che forse ci appartiene. Uno degli effetti positivi della globa1izzazione è che nel modello (oggi dominante) della rete ogni luogo è sia centro che periferia. E così la periferia lusitana, apparentemente arretrata e un po' in disparte, può ridiventare per un attimo centralissima e cuore palpitante della contemporaneità.
«Mi dondolavo pianissimo. come se mi fossi addormentato dondolandomi e le gambe continuassero meccaniche a puntarsi a terra e a sollevarmi lentamente...». Fin dalla prima pagina di Una casa nel buio (La Nuova Frontiera, traduzione di Vincenzo Russo, introduzione di Luis Sepulveda, 267 pagine, 16,50 euro) di José Luis Peixoto, scrittore portoghese trentenne al suo secondo romanzo (dopo il notevole Nessuno sguardo, narrazione onirico ‑ realistica del Sud del mondo), scopriamo che lo stato creativo per eccellenza è il dormiveglia, la semicoscienza, appunto il dondolarsi sulla veranda verso la fine dell'estate, come se si fosse addormentati. Da questo stato emergono ricordi, sentimenti, immagini, interrogativi sull'esistenza. Peixoto diffida di un troppo "pieno" di coscienza: se infatti si è troppo vigili succede che il nostro io ingombrante riempie tutto lo spazio a disposizione. Non riesce ad affiorare nient'altro di diverso da me. Mentre la letteratura dovrebbe allentare i vincoli dell'io, e così assomigliare idealmente alla danza e all'estasi. Il romanzo estatico di Peixoto sembra originarsi da una insonnia stordita, felice e al tempo stesso angosciata. Il suo universo sfugge ad una logica normale, asimmetrica e si imparenta invece con la logica spaesante e simmetrica dell'inconscio, quella per cui se A è maggiore di B anche B può essere maggiore di A: una donna, qui la sua traduttrice può infatti essere contemporaneamente la più bella e la più brutta, e la vita stessa può coincidere con la morte.
La trama è appena suggestione e pretesto: in una casa isolata e buia alcuni personaggi, tra cui l'io narrante, sua madre, la schiava Miriam (il suo tocco era fragile, «come una ragnatela, come un velo, come una brezza»), il Violinista, sembrano ricercare un senso all'amore mentre tutt'intorno dei barbari hanno invaso il paese. L'autore vuole pronunciare la parola «amore» fino a consumarla, fino a penetrare dentro il suo centro vuoto, come è vuoto il suo cuore («il luogo del mio cuore senza il mio cuore») e come è vuoto il centro della terra. Tutto il romanzo, che parla impudicamente di felicità e di sentimenti primari è una ricerca del vuoto insondabile ma anche prezioso, potenzialmente creativo, racchiuso dentro ogni pieno. Nella pagina di Peixoto, luttuosamente barocca, sentiamo respirare e agitarsi il corpo umano, un corpo che marcisce, che si disfa, che imputridisce, che si riempie di buchi e di macchie per la peste incipiente, mentre nello spazio circostante si muovono esseri umani che sembrano ombre. E anche l'iterazione musicale della prosa ha un timbro barocco, come quando tre intere pagine sono riempite dalla frase «voglio morire». Si conclude con un grande incendio, in cui brucia tutto, i mobili, il pavimento, i ritratti nel corridoio, in cui la sensazione di essere felice coincide con il presentimento della fine e il cielo si prepara a far cadere la notte su di noi. La verità ultima che il romanzo ci consegna sembra bruciare ogni cosa, quasi in un atto sacrificale.
Benché questo giovane talento portoghese sia stato avvicinato al connazionale José Saramago (ma è più visionario e meno affabulatore), il suo è un romanzo - poema che termina con 12 poesie ispirate al libro stesso. In ciò non distante dalla tradizione letteraria italiana, poco romanzesca e impregnata di lirismo, autobiografismo, prosa d'arte. A volte la musicalità poetica è insistita e potrebbe far nascere qualche sospetto di iperletterarietà. Però rispetto ai nostri scrittori attuali Peixoto ci sembra assai più viscerale, come se ogni frase del suo libro fosse una sfida radicale, struggente al nulla che incombe sulle nostre esistenze.
Critica de Una Casa nel Buio/Uma Casa na Escuridão, in Liberazione.
De Marco Peretti
Eros e Thanatos, amore e morte, un campo di battaglia che ha per posta in gioco la vita, la conservazione della specie umana. Sperare di placare questo conflitto con la musica, la letteratura, le arti può essere un'illusione. «E' già notte e i barbari non vengono. / E' arrivato qualcuno dai confini a dire che di barbari non ce ne sono più. / Come faremo adesso senza i barbari? / Dopotutto quella gente era una soluzione».
L'attesa dei barbari può essere un buon alibi al disagio della civiltà, che è poi il disagio di convivere con noi stessi, ma dietro i versi del grande poeta greco Kavafis si nasconde, ironico, l'avvertimento: il problema è dentro di noi. Lo stesso grido di speranza e di ricerca d'amore che in toni surreali sembra lanciare José Luís Peixoto nel suo romanzo Una casa nel buio (trad. di Vincenzo Russo, La Nuova Frontiera 2004, euro 16,50) ma forse è già tardi e i barbari possono ancora essere utili.
Appena trentenne, José Luis Peixoto è già riconosciuto come una certezza della nuova letteratura portoghese. La sua vena malinconica è una lenta rappresentazione dell'elaborazione del lutto per un mondo sempre più in rovina cui il poeta, però, guarda ancora con gli occhi stupiti del bambino. L'immaginato si sovrappone al vissuto, il surreale e l'onirico ‑senza scansione del tempo ‑ diventano necessità del presente. La maturità della sua scrittura ‑ scarna ma essenziale ‑ cela il piacere per la poesia, per il verso che ritorna. La ripetizione è ostentata, quasi a negare la ricerca dei sinonimi, a negare la prosa. Romanzi, i suoi, che vanno letti a voce alta per goderne del ritmo.
Primo capitolo. L'amore. Un colpo d'ascia e il padre del narratore, ormai in fin di vita, uccide la schiava. Il figlio, allora bambino, aveva sentito tante volte la madre alzare la voce per coprire i suoni da uomo e da donna che uscivano dalla stanza chiusa e quel giorno pensò che quello era il senso più profondo dell'amore, per quello la madre avrebbe voluto esser al posto della schiava. Ora le notti son passate e come il padre che scriveva sonetti il narratore è uno scrittore. A chi gli domanda cosa scrive risponde che scrive se stesso. Lui sa che quando chiude gli occhi la vede, sa che è bellissima, la scrive e l'ama. Quel volto immaginato è identico a quello incorniciato su una tomba e quindi un giorno scoprirà che ha un cadavere dentro di sé.
Ultimo capitolo. La morte. La casa brucia. Brucia la scrivania su cui il padre scriveva sonetti, brucia il divano su cui la madre si era sdraiata tante notti, ma lei, tra le fiamme, o lei fiamma, torna per dirgli «ti amo». Il narratore nella casa che brucia per un momento è felice e muore.
«La felicità come l'amore sono momenti… momenti che la fine rende ridicoli... ma ridicoli solo prima e dopo... Non si deve aver vergogna di esser felici per qualche momento. Non si deve aver vergogna del ricordo di esser stati felici per qualche momento».
Tra l'amore e la morte nella casa nel buio, lenti passano i giorni ‑ indifferenti per il poeta che non crede più al futuro ‑ e scorre l'allegoria di Peixoto su una civiltà che non si volta più quando sente enunciare la parola amore. È una civiltà che ha bisogno dei barbari. I barbari sono una soluzione e puntualmente arrivano, mutilano, violentano, brutalizzano. Sono barbari.
Al Signor Violinista - nella casa avevano inventato le sette note - tagliano le mani e non potrà più suonare. Alla madre dello scrittore conficcano un ago nei timpani e non potrà più sublimare il dolore con la musica. Allo scrittore recidono braccia e gambe, così da diventare un giocattolo per il divertimento dei bambini dei soldati di ferro, e al principe di Calicatri, suo amico, è rimasto solo un buco rosso vivo al posto del cuore. E poi la schiava Miriam, Nessuno, il visconte di Dedodida: esseri poco umani - dai passati amori inibiti - costretti, per far fronte al buio, a tradursi in una comunità solidale. Sette personaggi, sette capitoli, «sette volte il giorno io ti lodo», recita uno dei Salmi dell'Apocalisse. Sette è il numero perfetto - dei peccati delle virtù - e sette volte il giorno i fedeli più devoti volgono la loro preghiera al Dio dei Salmi - Salmi in epigrafe, piccole lodi sul margine alto d'ogni capitolo - , un Dio che a volte sembra vendicarsi, abbandonare l'uomo, non averne più pietà.
Critica de Una Casa nel Buio/Uma Casa na Escuridão, in Class.
De Mimmo Stolfi
Una casa gotica, brulicante di gatti, schiave silenziose, madri rese folli da infelici ménage coniugali. Una casa di tenebra, percorsa da un via vai di personaggi assurdi (principi, visconti, violinisti, signor Nessuno) piagati da destini terribili, resi ancor più devastanti dall'irruzione di un manipolo di invasori demoniaci dediti a stupri, mutilazioni. sadismi e crudeltà gratuite. E poi, c'è 1ui, la voce narrante, un giovane scrittore visionario, innamorato di una donna immaginaria che lo abita dentro e che lui può vedere, e in qualche modo amare, solo chiudendo gli occhi. Un amore immateriale, certo, la proiezione mentale dell'eterno femminino, ma pur sempre un amore capace di illuminare la notte, di squarciare, seppure per pochi istanti, la tenebra del Male.
Una casa nel buio (La Nuova frontiera, 267 pagg., 16,50 euro) del trentenne scrittore portoghese José Luis Peixoto è un'onirica discesa agli inferi, cadenzata da una scrittura scarna, squarciata da lampi lirici e ricca di reiterazioni lessicali (Peixoto è anche un poeta e si sente). Ma Una casa nel buio è soprat tutto un apologo sul Male e sul silenzio di Dio (non è casuale che le epigrafi di ogni capitolo del libro siano dei salmi biblici). L'onnipotenza di Dio è morta ad Auschwitz e nelle altre mattanze del '900. Che Dio sia fragile proprio perché è Amore, è l'unica metafora che lo salva dall'assedio del male e della colpa: ma allora noi siamo responsabili nei suoi riguardi (come Egli lo è nei nostri). Che cosa significa essere responsabili di Dio lo si comprende se si rammenta l'immagine e somiglianza che legano l'uomo a Dio: essere responsabili di Dio significa essere responsabili della sua immagine, salvarla in noi e in tutto ciò che ha vita come una lucerna che i flati terribili del male (il buio di Peixoto, insomma) tentano di spegnere. Salvarla, come fa il protagonista di questo libro, anche senza saperlo.
Critica de Questa Terra ora Crudele/Morreste-me, in Liberazione
Di Marco Peretti
C'è chi ha partecipato alle guerre coloniali come furiere-infermiere, chi è stato torturato dalla Pide - la polizia segreta salazarista -, chi ha vissuto l'infanzia assistendo alla fine del regime, chi è nato nell'anno della rivoluzione dei garofani: João de Melo, Mário de Carvalho, José Riço Direitinho, Benigno de Almeida Faria, José Luís Peixoto. Chiamarli una pattuglia sarebbe di cattivo gusto, perché non solo del passato e di guerra parlano i loro libri. Parliamo dell'avanguardia di scrittori portoghesi che si è affacciata di recente in Italia, in occasione della Fiera del libro di Torino. Merito - vale la pena ribadire - di piccole case editrici, come Passigli, Scrittura pura, Instar libri, Besa editrice, Aiep, La nuova frontiera, l'ultima arrivata Cavallo di ferro. In questo drappello di nuovi narratori figura anche il giovanissimo José Luís Peixoto, autore di Questa terra ora crudele (trad. di Giulia Lanciani, edizioni La Nuova Frontiera, euro 8,50) e con uno stravagante curriculum alle spalle. Qui, in questo volumetto, dal titolo originale Morreste-me, racconta i sentimenti di un figlio di fronte alla morte del padre. «Si tratta realmente della scomparsa di una persona, di questa regola naturale alla quale contrapponiamo l'illusione che per noi non si verifichi. In Portogallo diciamo "l'unica cosa certa è la morte" ed è così. Sapere che esiste la morte, è sapere che noi oggi siamo vivi e dobbiamo approfittare di questo periodo per fare qualcosa. La letteratura deve suggerire alle persone come prendere coscienza di questa realtà». Trent'anni, pearcing e maglietta scura con una scritta argentata che grida "stop the wars", José Luís comincia così. La sua è una letteratura che parla di morte, della decadenza della civiltà. «Sì, mi servo di queste idee perché sia il lettore stesso a trovare le risposte più concrete ai grandi temi della vita. In fondo la morte è la fine e la fine la troviamo in tutto, ma ogni fine è anche il principio di qualcosa. Mi interessano le storie delle persone, la morte come la fine e l'inizio dell'amore». Larga parte della critica portoghese intravede una scrittura nuova, inedita nelle capacità affabulatorie di Peixoto, ogni due settimane presente sul più importante giornale culturale del paese, Jornal de letras. Lui che proviene da una provincia tradizionale, l'Alentejo, dove è nato nell'anno in cui il Portogallo tornava alla democrazia. «Non ho mai vissuto sotto la dittatura, privato della libertà. Non mi si è mai posta la necessità di posizionarmi nei confronti di un regime. Certo ci sono autori che per me sono molto importanti nella mia formazione, che sicuramente non è ancora terminata: Fernando Pessoa il maggiore poeta portoghese del XX secolo o tra i contemporanei António Lobo Antunes, che è un virtuoso della lingua e nei suoi romanzi affronta temi molto delicati della storia più recente del Portogallo, il nostro premio Nobel José Saramago che per me è un autore di riferimento». Persino in Italia ci sono blogs di suoi ammiratori e tra questi gli appassionati di musica metallica. «E' per via del lavoro con la band dei Moonspell - spiega - le persone legate a una cultura libresca pensano che la musica heavy-metal sia fatta da gente che fa rumore e grida e d'altra parte molti giovani pensano alla letteratura come qualcosa di noioso, fatta da persone noiose. Personalmente non credo in nessuno dei due stereotipi e anche il gruppo con cui ho lavorato la pensa così. Abbiamo tentato di fare una cosa nuova: un libro e un disco che ha come tema la paura. Come questa spesso inibisce, mentre dobbiamo avanzare e cercare quello in cui più crediamo». Considerati i temi, qualcuno potrebbe vedere confermati gli stereotipi sul Portogallo. «Non credo che siamo malinconici più degli scrittori di altri paesi. C'è questa idea associata al fatto che abbiamo una musica tradizionale come il fado, ma penso che sia un'affermazione che non tiene conto del fatto che oltre questa sensibilità ne esistono altre. Ho molta difficoltà nei confronti della parola saudade che è "venduta" come un sentimento portoghese, perché penso che i sentimenti non hanno patria, paese o lingua, ma appartengono agli esseri umani di ogni parte. Per questo se esiste una saudade nei miei libri penso che sia la stessa che esiste nei libri italiani come in quelli giapponesi». Della tradizione vuole conservare poco - le radici sono importanti ma l'essenziale sono i fiori - e con un certo orgoglio rivendica di aver fatto parte fin dall'inizio del Bloco de esquerda che in questi giorni ha polemizzato con Sampaio per le sue non scelte sull'aborto. «Mi intristisce la decisione del Presidente della Repubblica. Comunque la maggioranza del popolo portoghese vuole questo cambiamento e quindi questa legge retrograda e criminalizzatrice verso le donne presto o tardi cambierà».
Critica de Questa Terra ora crudele/Morreste-me, in La Reppublica
Di Marco Lodoli
Il futuro dell' editoria come di qualsiasi iniziativa umana sta nell' entusiasmo e nella conoscenza: c' è un gran bisogno di persone che sappiano fare bene il loro lavoro e che ci investano energie giovani e appassionate. Un esempio è sicuramente "La Nuova Frontiera", piccola casa editrice romana specializzata in letteratura spagnola e portoghese, che ha già pubblicato autori ancora poco noti in Italia, ma molto interessanti. Uno di questi è José Luis Peixoto, classe 1974, poeta e romanziere, considerato l' enfant prodige della letteratura lusitana. La Nuova Frontiera ha stampato i suoi due romanzi, e ora ci propone il suo primo testo, Questa terra ora crudele, uno struggente canto d' amore per il padre scomparso. Fa piacere scoprire che non tutti i giovani scrittori del mondo sono iscritti all' albo dei giallisti sanguinari o dei postmoderni più artefatti, che c' è ancora qualcuno che sfugge alla morsa delle ipernarrazioni, fatte di mille piani, mille personaggi, mille inutili incastri e digressioni per guardare con sgomento dritto per dritto negli occhi scuri della vita, e reggere quello sguardo fino in fondo. Peixote è un narratore lirico, un poeta che distilla il mosto ribollente del cuore e ne trae una grappa concentratissima di parole, un liquore che ci prende la testa. Scrive Peixote: «Ho pensato non potrebbero gli uomini morire come muoiono i giorni? Così, con uccelli a cantare senza sussulti e la chiarità liquida vitrea in tutto e il fresco soave fresco, il mondo inerte o che si muove calmo e il silenzio che cresce naturale naturale, il silenzio atteso, finalmente giusto, finalmente degno?». Non potrebbe essere così ogni addio al mondo? E invece sono ospedali e cure, speranze e disperazioni, e mentre un padre se ne va nel dolore, un figlio rimane da solo a raccontarlo, con parole leggere e taglienti come pezzi di vetro, cercando inutilmente di ricomporre la finestra affacciata sui ricordi.
Crítica al romanzo Una Casa nel Buio/ Uma Casa na Escuridão, in Strada Nove, 16/06/2004.
Davide Berselli.
Il senso di tutto, alla fine, è l'amore. È per dire questa semplice disarmante verità che Josè Luis Peixoto ci consegna il suo nuovo romanzo, “Una casa nel buio”, edito da La Nuova Frontiera come il precedente “Nessuno sguardo”.
Tra i due libri risuonano numerose assonanze: lo stesso canto della solitudine che l’autore portoghese innalza senza scadere nella lamentela, la stessa dimensione epica e fantastica dei personaggi e delle vicende narrate, la stessa, ineluttabile forza di gravità che sprofonda uomini e donne nella rete del destino.
C’è una casa, lontana da tutto e tutti, dove vivono uno scrittore, sua madre e una schiava. A sconvolgere la loro vita arriva prima l’emozionante scoperta della musica, nel corpo di un violinista, e poi la cieca violenza degli invasori, guerrieri crudeli che mutilano gli abitanti della casa ai quali si aggiungono il principe di calicatri, il visconte di dedodida e nessuno.
Peixoto ci regala un piccolo universo allegorico dove convivono odio e amore, violenza e affetto; è una realtà dove il passare del tempo non ha importanza, perché sono i gesti del presente che contano, sono le pulsazioni del cuore che governano ed ordinano la giornata. Potremmo definire “Una casa nel buio” un romanzo a tema, ma per la forza del suo messaggio, per la sacralità degli argomenti, per la delicata attenzione con la quale questi sono trattati, forse è più giusto parlare di parabola. Niente di trascendentale nell’opera di Peixoto, che anzi è solido nel parlare dell’uomo e dei suoi istinti; eppure, c’è un senso religioso nel trattare la storia, un rispetto profondo nel parlare d’amore, il motore della vita e dei suoi accidenti. Lo stesso modo di scrivere del portoghese, con le sue formule ripetute, con il suo andamento da litania, le invocazioni ricche e poetiche, avvicinano la prosa alla forma della preghiera: non è forse indicativa la scelta di brani dal Libro dei Salmi come epigrafi dei sette capitoli?
Peixoto è grande nell’avvicinarsi ad un tema immenso e difficile come l’amore senza scottarsi: perché non è presuntuoso eppure è un ottimo narratore, perché non parla complicato eppure è profondo. Ogni singola parola, ogni personaggio, ogni brandello della storia è fatto d’amore; i protagonisti di “Una casa nel buio” si aggrappano come naufraghi all’amore per non cadere nel buio e nella morte, per vivere. E chi legge Peixoto si aggrappa alla sua poesia per non scivolare nel grigio che ci circonda.
Critica de Historias de Nuestra Casa (título de la edición uruguaya de Cal + Morreste-me/Te me moriste).
Historias de nuestra casa (Casa editorial HUM, Montevideo, 2009) compila veintidós cuentos y poemas del escritor portugués José Luís Peixoto (Galveias, 1974). En esta edición aparecen traducidos al castellano Morresteme (2000) y los cuentos y poemas publicados en Cal (2007), que incluyera además originalmente una obra teatral. El libro fue presentado por el autor en el Centro Cultural de España de Montevideo el 6 de octubre de 2009.
En estas historias se aborda la diversidad cotidiana de un pueblo. Los relatos transitan por los mundos afectivos y las vicisitudes de mujeres y hombres que envejecen. Este concierto humano testimonia tanto la variedad de vivencias de estos personajes como sus distintas maneras de desarrollar el proceso de envejecimiento; e integra a las edades jóvenes, que como las mayores, crecen, quieren vivir y mueren. Son tierras donde los campanarios dan todavía sus lentos toques fúnebres y las señoras mayores comprenden en ese aviso a quién le tocó partir.
El autor sigue el precepto de describir la aldea. Sus textos se elaboran, principalmente, sobre la vida en zonas semi-rurales del Portugal actual, haciendo de estos pagos de puertas sin trancar, el escenario principal de los relatos. Con referencias visuales o sonoras ubica el medio de vida, las huertas, los montes y caminos, la represa o las plantaciones de olivos y alcornoques. Mientras que los episodios de la historia de la comunidad son mojones en la biografía de los personajes. Desde los pequeños sucesos del pueblo, al acontecimiento nacional de la Revolución de los Claveles que puso fin, el 25 de abril de 1974, a la dictadura más larga del siglo XX europeo.
Algunos relatos tienen un fuerte carácter testimonial. Desarrollando los cursos afectivos que componen las relaciones entre las personas. La máxima cercanía del autor con sus personajes, se plantea en "Ver a mi abuela" o "Te me moriste", escrito en memoria de su padre. En ningún caso esto se agota en lo anecdótico del hecho, sino que oficia de punto de partida para la creación de la trama poética.
Sensible cronista de la cotidianidad, Peixoto utiliza en sus narraciones el despliegue de los distintos puntos de vista que pueden tener los personajes sobre los hechos. Así como lo que pueden llegar a pensar los actores de un relato sobre ese mismo relato. Un hombre acerca de quien ha escrito, se entera de tal cosa. Pasa las tardes en la plaza desde que dejó de trabajar en el campo. "El hombre que está sentado" explora la situación en primera persona de un hombre viejo a quien le fueron a contar que "el hijo de Peixoto" (p. 37) había escrito sobre él. La muchacha que le contó y tiene el libro probatorio, no puede explicarle a qué se debería tal cosa. Ese aparente sinsentido lo hace desconfiar, resistiéndose a que se lo lea. Ella -cuenta el hombre-, tiene estudios y por eso fue desde Lisboa a trabajar en la Junta local. Él no aprendió a leer. "Sabes que, en aquel momento, la gente podía hacerlo. Ese fue el gran disgusto de mi madre: nueve hijos, siete muchachas y dos muchachos, y ninguno pudo aprender a leer" (p. 37). El hombre se queda con el libro y la curiosidad acumulada de un día al otro, desembocará en la oportunidad de un nuevo encuentro.
A la transformación en la percepción y preferencias artísticas con el correr de los años, lo puede acompañar una reflexión que intente dar un sentido nuevo a los cambios vividos. "Por las noches releía libros que había leído hacía mucho tiempo. En las páginas de esas noches, existía la luna y era como si, a medida que los releía, reconociera lo que había leído un día en aquellas páginas. Había momentos, frases, en que pensaba y sentía exactamente lo que ya había sentido y que, al mismo tiempo, era como si fuera la primera vez" (p. 62).
Algunos de estos personajes que envejecen viven con sus familias. Otros, solos, van procesando duelos y volviéndose a enamorar. Un hombre que enviudó hace unos años comenta: "Durante meses no supe vivir. Después, muy despacio, como un vicio que se recupera, fui encontrando pedazos de mí" (p. 61). "Despacio, resucitaba, era viejo y nacía" (p. 62). Este hombre podrá luego escuchar las voces de otros amores, además de las de sus hijos y nietos. "Fue uno de esos días que conocí a Mariana. Su voz diciéndome: Mariana" (p. 62). Después: "Su voz diciéndome: Beatriz" (p.62). Y luego: "Una voz muy tímida: Susana" (p. 63). Los comentarios de los vecinos, claro, también podían escucharse.
En aquel entonces, una mujer: "Tenía más de ochenta años y esa es una edad de decisiones para toda la vida" (p. 9). Variaciones de este motivo estructuran "La edad de las manos". El movimiento del relato podrá hacer pensar que a cualquier edad las decisiones son nuevas orientaciones de la vida.
La relación entre las ancianas, con sus maneras, entreteje las tareas del día con las novedades públicas y privadas del pueblo: "En ocasiones, entra en la casa de las vecinas. Las puertas están abiertas. Las vecinas entran en su casa. Y se quedan a hablar. Bajan la voz cuando no quieren que nadie las oiga aunque estén solas, cuando hablan de alguien: sabes qué le pasó a, y dicen un nombre cualquiera. Tratarse de tú es la prueba inusitada de que, en otro tiempo, fueron jóvenes, fueron muchachas con ideas sobre lo que serían cuando tuvieran la edad que tienen" (p. 94).
La dimensión intergeneracional es mostrada con sus beneficios recíprocos. La relación del narrador con su abuela, es mutuo reflejo de sus vidas: "(...) me llama: mi José Luís. Su voz es delicada porque, como los objetos, es antigua. (...) Lo importante es que nos quedamos juntos por momentos, nos vemos. Damos sentido el uno al otro" (p. 96).
El libro no cae en una idealización de los lazos entre generaciones. La muchacha de "La vida junto al río" fue besada por un joven y transgredió en poco más de eso. La consecuencia lógica para su madre sádica es encerrarla. "(...) me agarraron el tobillo y lo atraparon en una esposa de hierro, que estaba atada a una cadena, que estaba atada a una pared, que estaba dentro de la pared. Cerraron la puerta. Me quedé tendida en el piso" (p. 105). La madre, durante algún tiempo, llevaba a cenar a los postulantes que estimaba convenientes. "Las criadas envejecieron. Mi madre envejeció. Yo envejecí. Dejaron de venir hombres a verme" (p. 106 ). Cuarenta años después, la madre muere y llega a término la condena. Nada quedaba entonces de aquel hermoso muchacho. Hasta el árbol viejo, donde la aguardaba su ausencia, había sido talado. Anciana y deforme, sale al mundo hablando con Dios. Hablaba con él hacía tiempo. "En una de esas tardes indistintas unas de las otras, Dios entró en el cuarto. Moví la pierna y las cadenas se movieron. Dios se sentó a mi lado. Sus ojos eran tristes. Dios me tomó la mano y lloramos" (p. 107). "Estoy vieja. También Dios está viejo. Nos sentamos juntos y pensamos. El tiempo es más leve. Ni yo ni Dios esperamos nada" (p. 108).
Con este tipo de vínculo situado entre la metafísica y el delirio, empieza y termina la primera parte del libro. Se inicia con la historia de Ana, quien convive con su niño de luz: el ángel.
Si bien en un comienzo "Ana, a veces, se sentía tan vieja como si hubiese nacido el primer día del mundo" (p. 12), este relato aborda en sus reglas de juego el tratamiento de la temporalidad con la reversibilidad del envejecimiento. Mientras que en "La mujer que soñaba" el transcurso del tiempo es elaborado por yuxtaposición. Dos épocas que aparecen alternativamente. La mujer en su vejez y juventud, una y otra vez. Sus sueños y sentimientos una vez despierta, se anticipan a un tiempo y son luego reminiscencias. Sobre el final del relato se presenta el máximo de tensión entre ambos tiempos, superponiéndose.
La narrativa que presenta José Luís Peixoto en este libro, aborda al envejecimiento y la vejez con acierto y fina mirada sobre la multiplicidad de situaciones y de formas de su desarrollo.
Astrid de Larminat - Le Figaro
Un premier roman qui s'achève en même temps que le monde, voilà qui en dit long sur les ambitions de son auteur, José Luis Peixoto, âgé de 26 ans lorsque le livre parut au Portugal, il y a quatre ans. L'ultime chapitre est une apocalypse sans combat, les personnages ferment les yeux par lassitude, et le monde s'éteint. Peixoto, dont la figure porte encore des traces de l'adolescence, n'a plus les enthousiasmes brouillons de celle-ci.
Dans ce roman où il ne se passe rien car le temps ne passe plus. Comme la phrase, il piétine, répète, ressasse : le rythme n'est pas sans rappeler celui de la récitation pieuse, incantatoire ou machinale. Point de date, point de lieu-dit, le récit s'ouvre avec José et se ferme sur José. Le père d'abord, le fils, trente ans plus tard... Si jeune et si désespéré, José Luis Peixoto ? C'est justement l'accablement de qui ne parvient pas à s'arracher à l'enfance, ce temps béni «où tu étais tellement ma mère» songe le fils. Toute sa douleur est dans ce «tellement» qui nous empoigne à notre tour. L'amour d'une femme ranime, un temps, l'innocence. Mais «le rêve m'a trompé de pouvoir être encore l'enfant que je fus, qui passait les jours à courir dans la campagne et mesurait les champs avec ses bras».
L'Enfance sinon rien : c'est le cri premier d'un écrivain qui porte haut le flambeau de la jeune littérature de son pays.
Pauline Perrignon - Télérama
Dans une improbable contrée, José est hanté par le diable, qui, à chaque détour d'un verre de vin, lui susurre : «Ton épouse n'est pas celle que tu crois...»... José Luís Peixoto, poète et nouvelliste, signe là un ouvrage qui semble n'appartenir à aucun genre. Ou à tous. Certaines de ses phrases en effet pourraient être des vers, certains passages, pris isolément, ont des allures de nouvelle, de conte macabre, sans commencement ni fin, car le glas sonne à chaque page... Un livre en forme d'écorchure, oppressant et fascinant.
Figaro, 21/02/2008
Par Astrid de Larminat
Voilà un roman qu'on ne peut pas lire les pieds sur terre. Et dans un premier temps, il faut bien l'avouer, cette expérience déstabilisante est presque déplaisante. Si l'on n'avait su que José Luis Peixoto, 34 ans, avait déjà fait la preuve qu'il était un grand écrivain, peut-être aurait-on déclaré forfait au bout de cent pages. On se serait privé d'un rare bonheur, cette sorte d'extase que l'on ressent lorsqu'on touche à une vérité existentielle inaccessible à la raison seule.
Rien d'éthéré ni d'abscons pourtant dans ce récit où s'enchaînent des tableaux de famille : des matinées de soleil dans la cuisine, les visages autour de la table, le sourire des enfants, le fameux cimetière de pianos, sorte de « casse » où l'on puise des pièces pour réparer d'autres pianos. Décors immuables : seuls l'apparition d'un réfrigérateur et d'une TSF marque le temps qui passe.
Car c'est de cela qu'il s'agit : du temps qui passe et en même temps ne passe pas. Pour rendre sensible ce paradoxe, Peixoto retrace l'histoire d'une famille sur trois générations. Le grand-père, sa femme, leurs petits-enfants, leurs quatre enfants. L'aïeul relate une partie de l'histoire, allant et venant entre futur et passé : il commence par le récit de sa propre mort, poursuit avec des scènes qui se tiennent trois ans plus tard, quand son fils cadet s'apprête à courir le marathon aux Jeux olympiques de Stockholm. Les va-et-vient s'accélèrent : il évoque sa rencontre, solaire, avec la jolie demoiselle qui est devenue sa femme ; puis le mariage de sa fille aînée, la naissance de cette même fille ; le soir où il a frappé sa femme en rentrant de la taverne…
Les passages, d'une page ou deux, se succèdent, mêlant les temps comme ils sont mêlés en chacun de nous, à rebours de toute chronologie. Soulignant aussi, en accolant des scènes que plusieurs années séparent, l'inconstance des êtres, qui s'aiment à la folie un jour, puis se trompent ou se maltraitent, sans cesser pourtant de s'aimer…
Deuxième narrateur du roman, son fils - à moins que ce ne soit son père : les deux se ressemblent étrangement. Fransisco Lazaro va tomber mort d'épuisement au 30e kilomètre du marathon. En courant, il se souvient de son enfance, par fragments, hachés comme sa respiration, s'interrompant au milieu d'une phrase, la reprenant plus loin. Il se remémore un après-midi radieux en famille ; le jour où il éborgne son frère en jouant ; le trousseau de sa grande sœur avec sa soupière en faïence, puis le jour où le mari de sa sœur casse la soupière en faïence dans un accès de rage… Il se rappelle surtout sa jeune femme qui attend leur premier enfant, leur rencontre paisible ; et la pianiste qu'il a connue au même moment, un amour brûlant.
En marge de cette histoire chahutée, le cimetière des pianos demeure, « à côté du temps » : c'est là que les jeunes amours trouvent refuge ; c'est là qu'une petite fille parle à son grand-père, celui qui raconte ladite histoire…
C'est aussi le lieu emblématique de ce qui se joue entre pères et fils : « Je regardais les pianos morts et songeais aux pièces qui ressuscitaient dans d'autres pianos, et je croyais que toute la vie pouvait être reconstruite de cette façon. Mes fils grandissaient et devenaient des garçons comme je l'avais été il y avait si peu de temps. Le temps passait. Et j'étais certain qu'une part de moi comme les pièces des pianos morts continuaient d'agir en eux. » Un roman de chair et de lumière qui lève un coin de voile sur les mystérieux versets du chapitre 17 de l'Évangile de Jean placés en épigraphe.
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