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DEPOIS DA LUZ

 

As sombras acontecem quando há um objecto que se ergue perante a luz. Sem esse objecto, sem luz, não existem sombras.

 

São bastantes as razões que alimentam o Metal e que justificam a sua longevidade através das últimas décadas. A mais relevante e evidente é a capacidade de renovação deste género que, mantendo um núcleo bem definido de valores, tem dado origem às mais diversas variações. A anteceder o substantivo "Metal", tem-se encontrado uma colecção de adjectivos: Thrash, Power, Speed, Death, Black, Viking, Pagan, Doom, Gothic e mil outros exemplos. Cada um desses exemplos faz parte da grande sombra de um objecto que se ergue perante a luz - o Metal -, ao mesmo tempo que desenvolve a riqueza da sua proposta e demonstra a complexidade da sua composição. A luz que permite essas sombras, já se sabe, é a música.

 

Desde o primeiro momento e ao longo dos anos, a força criativa do trabalho dos Moonspell faz parte dessa procura. Assente sobre a solidez de princípios estéticos coerentes, existe um caminho sem medo de questionar, de testar ou, mesmo, de se pôr em causa, alargando sempre as fronteiras daquilo que se poderia esperar à partida e, com elas, as próprias fronteiras do género musical que defende e que, disco após disco, regenera. A procura do novo é um risco muito maior do que a mera apresentação da novidade. No entanto, as recompensas são muito mais vastas. Os próprios Moonspell, assim como aqueles que têm tido a sorte de os acompanhar neste caminho já longo, sabem isso muito bem.

 

O equivalente sonoro de uma sombra é um eco. Por isso, nesta nova aventura, haverá muitos a serem ainda capazes de escutar o eco dos instrumentos amplificados nestas novas versões de temas tão diferentes como Handmade God, Alma Mater ou Scorpion Flower. Também a memória é uma espécie de eco ou de sombra. Também a memória amplifica, distorce, faz reverb. Na mesma sala, ao mesmo tempo, haverá outros que conhecerão esses mesmos temas pela primeira vez. Tanto num caso, como no outro, será a riqueza da música que lhes falará. Será a sombra, indissociável dos contornos da luz.

 

José Luís Peixoto

 


2 comentários

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De Vania Ribeiro a 12.11.2010 às 03:45

Vi hoje um filme realizado pela Catarina Mourão sobre a artista Lourdes Castro que vive e cria "Pelas Sombras". Parece-me ser esse sítio, quando luz e sombra se tocam, a que na arte e na vida pressentimos chegar. Dissipa-se. Mas nessa inspiração, vivemos.

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